Romanização

Villae de Venandus /Vilar de Viando.

 
Vilar de Viando é o nome amplo para a região na margem sul do rio Cabril. Além da antiga “vila” com este nome, a região inclui diversos lugares, tais como Pombal, Fundo, Mota, Campo de Cima, Tapada, Ramada, Alto da Corda, dentre outros. A história da antiga “aldeia” de Veando remonta aos tempos anteriores ao nascimento de Cristo. Os romanos chegaram à Península Ibérica em 218 a.C., no contexto da Segunda Guerra Púnica. Eles denominavam castra às povoações principais pré-romanas, bem fortificadas e sempre nas coroas dos montes e colinas. Na revista O Archeólogo Português há referência a um “Castro de Vilar de Viando”, o qual era “um ponto estratégico de grande importância pelas condições topográficas”… Com a chegada dos romanos, os colonos mais poderosos adquiriram grandes propriedades agrícolas, cuja exploração estava centralizada na villae. As villae rústicas foram os núcleos iniciais dos atuais povoados. Na região de Mondim, villae de Venandus foi uma delas. Segundo Valério Máximo, por volta do ano 137 a.C., na região se teria acampado, com as suas tropas, o cônsul Décimo Júnio Bruto, o Galaico.(1)(2)

Na Idade Média havia localidades com relativa importância e, portanto, caminhos que as ligavam entre si. As vias romanas perduraram e serviram de base ao lançamento das estradas medievais, cuja conservação pertencia às populações, por normas emanadas das próprias autoridades locais, sendo as pessoas multadas se não o fizessem. Em Vilar de Viando passava a antiquíssima Média-Via – a qual se integrava ao amplo sistema que ligava Favaios por Panoias em Vila Real a Chaves, ao norte. A noticiar a passagem in loco da antiga via, os lugares chamados Paradança (Parada d’ansar, ou Parada Ansere) e Pardelhas (Paradela). As vias de comunicação medievais mantiveram-se quase inalteráveis até à “revolução” feita pelo ministro Fontes Pereira de Melo (1819-1887).

(1). - Décimo Júnio Bruto, denominado Galaico (séc. II a. C.), terá dirigido uma expedição contra os Lusitanos do noroeste peninsular a partir de Móron; o sucesso da empresa ter-se -á traduzido em diversas conquistas até à foz do rio Minho, na região da Galécia (cf. o seu sobrenome), segundo Estrabão (cf. infra, 3. 3. 4). A campanha terá ocorrido entre 138-137 a. C., ainda que haja dúvidas em relação à cronologia das expedições de Bruto.

(2). - A informação que aparece no livro VI, 4.1, é a seguinte:  "Estando casi toda Lusitania en manos de Décimo Bruto cuando tan sólo *** el pueblo de Cinginia resistía armado se dice que respondieron a unos mensajeros que sus antepassados le habían legado armas con las que defender la ciudad, no oro con el que comprar su libertad". in Máximo Valério, HECHOS Y DICHOS MEMORABLES. INTRODUCCION, TRADUCCIÓN Y NOTAS DE SANTIAGO LÓPEZ MOREDA, M." LUISA HARTO TRUJILLO Y JOAQUIN VILLALBA ALVAREZ, Editorial Gredos, Madrid 2003.

De Mondim para Ermelo, a referida via medieval atravessava os rios Cabril e Olo, onde foram construídas, respectivamente, as pontes de Vilar de Viando e a de Várzea, em Ermelo. A conhecida ponte de cantaria sobre o rio Cabril interligava a antiga vila de Veando à vila de Mondim. Construída em granito da região, a ponte em Vilar de Viando foi edificada, provavelmente, na Baixa Idade Média, como indica a sua tipologia com um único e amplo arco de volta perfeita, de aduelas estreitas e compridas, com tabuleiro em cavalete e possantes reforços a montante e a jusante. 

 Está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1990 e em 2003 sofreu obras de reabilitação.

 

Alto dos Palhaços.

O Investigador Ilídio de Araújo (n. Rego, Celorico de Basto) defende que os vestígios arqueológicos dos Palhaços(*) correspondem à localização da famosa cidade de “Canínia”(1), ou Cinínia” que ganhou notoriedade por ter feito frente aos poderosos exércitos do Cônsul Romano Décio Juno Bruto, feito esse relatado por Valério Máximo no seu “Compendio de Ditos e Feitos Memoráveis”. O mesmo autor relaciona os “pharos” ou “pharusos”, povos das tribos semitas e fenícias, adoradores da rainha “Phary” ou “Pharina”, dos egípcios, como os habitantes que viriam a baptizar este ancestral monte de culto.
Outros especialistas defendem que aqui se localizaria o petouto de “Volóbriga”, da tribo celta dos Nemetanos.
Na identificação das paróquias suévicas há investigadores que relacionam a igreja de Palatiaca ou Palantusico com a situação geográfica do Monte Farinha.
 
(*). - Araújo, Ilídio Alves de (1988), A localização da cidade de Ca(n)inia, Comunicação nas ‘1as Jornadas de Estudo de Marco de Canaveses (21-23 Outubro 1988): Secção de Historia’, 10 p. // IND: Ca(n)inia (povoado evocado por Valério Máximo); Ópido (Alto dos Palhaços), Crastoeiro (encosta sul Sr.ª da Graça); Vilar de Ferreiros (Mondim de Basto); Hipótese de origem cananeia dos Tamecanos, Entre Tâmega e Corgo // NOT: Seria inserida no Vol. 2 das Actas que não foi publicado; Cfr. Programa das Jornadas e Nota Introdutória, in Vol. 1 das Actas, Marco de Canaveses: Município, 1992, 215 p. ISBN 972-95492-2-2 [BN C.G. 15138 V; FCG-BA HT 4808; BMVNG 54100-D];
 
(1).Cinânia. Nome de uma antiga cidade da Calécia, que Valério Máximo enalteceu pela sua heroica resistência aos romanos. Há quem pretenda a sua identificação com a Citânia de Briteiros, mas o assunto não está definitivamente assente. Nos agiológios do século XVII aparece referida a Cinânia como teatro de episódios do martiriológio cristão. Em alguns manuscritos lê-se Cininia e Cinginia. in Tratado político (1715), de Sebastião da Rocha Pita: galeria de tópicas