Arqueologia

O CASTRO CRASTOEIRO

(A partir do III milénio AC.????)

O Crastoeiro implanta-se à altitude de 453 metros, num pequeno morro que se destaca na vertente Sudoeste do Monte Farinha, sobranceiro ao vale da ribeira de Campos, afluente do rio Tâmega.

A ocupação mais antiga deste sítio poderá remontar ao III milénio a.C., estando materializada por um conjunto notável de afloramentos graníticos com gravuras abstractas, realizadas pela técnica da picotagem e abrasão. Um pequeno exemplar de cerâmica tipo Penha, atribuível ao Calcolítico regional e vários fragmentos, tecnologicamente inseríveis na Idade do Bronze, encontrados nas escavações realizadas no Crastoeiro, poderão constituir indicadores da frequência deste local - eventualmente considerado como um “santuário” - durante estes períodos recuados.

a Idade do Ferro, a partir do séc. IV a.C., o Crastoeiro passou a ser ocupado permanentemente. Cabanas construídas em materiais perecíveis, de que ficaram os restos de argila que consolidavam as paredes e os pavimentos em saibro muito compactado, e fossas abertas no saibro, talvez usadas para conservação dos cereais, são alguns registos desta fase. Mais tarde, levantou-se uma muralha de pedra e as habitações evoluíram para soluções pétreas, mais duradouras, se bem que o modelo de construção primitivo ainda se mantenha.

Para aprofundarmos o conhecimento sobre esta época devemos consultar a bibliografia seguinte:

CASTIÑEIRA, J.R. & SOTO-BARREIRO, M.J. (2001). El arte rupestre de Crastoeiro

(Mondim de Basto – Portugal) y la problemática de los petroglifos en castros, in DINIS,

A.P. (2001), 159 – 200.

DINIS, A. P. (2004). “A ocupação do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal)

no Ferro Inicial”, Colóquio “Castro um lugar para habitar” Museu Municipal de

Penafiel, Penafiel.

(2001). O Povoado da Idade do Ferro do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de

Portugal), Cadernos de Arqueologia - Monografias, 13, Ed. Unidade de

Arqueologia da Universidade do Minho, Braga.

(1993/1994). Contribuição para o estudo da Idade do Ferro em Basto: O Castro do

Crastoeiro, Cadernos de Arqueologia, série II, nº 10-11, Braga, 261 - 278.

FIGUEIRAL, I. (2001). Recursos vegetais do Crastoeiro: os resultados da Antracologia,

in DINIS, A.P. (2001), 135 – 144.

Castroeiro

28/01/2013 14:46
A Arte Atlântica do Castroeiro, António Pereira Dinis

 

VISITA VIRTUAL AO CASTRO CRASTOEIRO

https://www.facebook.com/mondimdebasto.municipio/videos/295857272187938

Intervenção arqueológica no
nº. 1 da rua das Lajes, Mondim
de Basto

Intervenção arqueológica no nº 1 da Rua das Lages, Mondim de Basto.

Pereira Dinis, et all.

04-Casa-de-Mondim-de-Basto_ultimo-cópia.pdf (7,2 MB)

 

Carta Arqueológica de Mondim de Basto

António Pereira Dinis.

DINIS_CartaArq.M.Basto-cópia.pdf (4,3 MB)

Castro de Vilar de Viando.

Por sua vez, J. L. Vasconcelos, no "Archeologo Portugues" diz-nos que:
 

Vestígios Arqueológicos
1. - Na Cividaia foram encontrados diversos vestígios arqueológicos (fragmentos de cerâmica, de tégula, vidro e mós manuais) pertencentes a um castro romano.

2. - "no sopé do pico da Senhora da Graça, perto de Parada de Athuy (sic), numa propriedade do Illº Sr. José Pereira, por acasião de uma sorriba, foram encontradas duas sepulturas constituidas por tijolos de argilla vermelha, semelhantes á que temos visto por toda a parte em ruínas romanas[...] dentro da sepultura (grande) havia uma lampada, dois vasos de argilla..., a ponta de uma espada e da sua bainha... e de ossos reduzidos a pó..." in : Archeologo portuguez.

Podemos e devemos ler todo o artigo aqui: https://bibliotecas.patrimoniocultural.gov.pt/oarqueologo/OAP_S1_v3_1897/OAP_S1_v3_1897_150dpi_pdf/p69-72/p69-72.pdf

ou pode aprofundar os conhecimentos aqui: https://biblioteca.mnarqueologia-ipmuseus.pt/oap_lista.htm

 
 
 

Evidências arqueobotânicas e de armazenagem no povoado da Idade do Ferro e na Romanização do Crastoeiro.

 

As campanhas arqueológicas realizadas no povoado da Idade do Ferro do Crastoeiro (Mondim de Basto, Vila Real), colocaram a descoberto um conjunto de fossas abertas no substrato rochoso. Estas revelaram quantidades muito elevadas de elementos carpológicos, cujo estudo permitiu compreender melhor a diversidade de cultivos existentes e como se armazenavam. Através do estudo de dezanove amostras provenientes de quatro fossas, os resultados demonstraram que estas estruturas foram usadas, principalmente, para armazenar trigo espelta. Do seu interior foram recuperados os grãos e as espiguetas, o que indicia que os grãos foram armazenados parcialmente processados - uma estratégia, provavelmente, relacionada com a intenção de estabelecer um armazenamento a longo prazo. Para além do trigo espelta (Triticum spelta), outros cereais foram recuperados, nomeadamente Triticum dicoccum, milho-miúdo (Panicum miliaceum), cevada de grão vestido (Hordeum vulgare), centeio (Secale cereale) e milho-painço (Setaria italica). As datações por radiocarbono, realizadas sobre grãos de centeio, demonstraram que estes correspondem aos grãos mais antigos encontrados na Península Ibérica (I a.C.), o que evidencia que o centeio foi introduzido na região numa fase inicial dos contactos com os romanos. Os resultados provenientes deste estudo sugerem o uso de cultivos bem adaptados a condições ambientais adversas, como climas frios e solos pobres.

in: Seabra, L., Tereso, J. P., Bettencourt, A. M. S., & Dinis, A. (2018). Evidências arqueobotânicas e de armazenagem no povoado da Idade do Ferro e na Romanização do Crastoeiro (Mondim de Basto, Norte de Portugal). Cadernos do GEEvH, 7(2) 69-94.

Anta.

   Pouco sabemos da presença do homem nas terras altas do concelho em lugares como Bilhó (Vale Grande), Anta, Bobal (Calhau do Penedo das Pias), Cavernelhe, Covelo, Pioledo, Travassos ,Vila Chã, Varzigueto ou Barreiro, para citar apenas estes, mas  a existência de vestígios de construções dolménicas e de necrópoles são a prova de que este local foi habitado desde o segundo ou terceiro milénio antes de Cristo, e que os povos por aqui continuaram durante o primeiro milénio. Assim sendo, o povoamento inicial destas terras ter-se-á efectuado a partir de uma dessas fortificações castrejas.

   Dos nomes acima referidos sobressai o da ANTA, provável reminiscência de algum abrigo ou túmulo megalítico. A presença de construções dolménicas e necrópoles no planalto do Alvão (Bentozelo, Alto de Barrocas, Vale das Gevancas incluídos) provam-nos que este maciço montanhoso foi habitado pelo menos desde o segundo milénio antes de Cristo. Os numerosos castros cujas ruínas ainda hoje se deparam pelos cimos de muitos cabeços da região, testemunham-nos, segundo se crê, a continuidade do povoamento durante o primeiro milénio antes de Cristo. As ruínas de extenso recinto muralhado, englobando os cabeços dos montes Farinha, Palhaços e Palhacinhos, sugerem-nos a hipótese de um centro administrativo e religioso das populações que habitavam o território do actual Concelho de Mondim de Basto. Também idênticas ruínas no Alto da Subida sobre Ribeira de Pena (Antas e Mamoas do Alvão em Carrazedo do Alvão) nos sugerem a probabilidade de outro idêntico centro político das populações situadas mais ao norte. Com a romanização foram surgindo nas terras mais baixas as “villas” rústicas, (Vilar de Viando) núcleos iniciais dos nossos modernos povoados, integradas porventura em células sociais continuadoras da organização castreja, e que estariam na base da organização paroquial que se seguiu à reconquista cristã.

Nota: pela proximidade geográfica deveremos incluir aqui as Mamoas do Campo do Seixo, embora pertencendo a Atei.

 

 

Os lagares escavados na rocha de Vilar de Viando.

O Santuário rupestre do Campelo, António Pereira Dinis.